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Coração de pedra: é este nosso legado às novas gerações?

Joy Baena
@joycebaena

Você acha que nossa sociedade acaba criando jovens com o coração de pedra? Nós acreditamos que mostrar aos nossos meninos e meninas como falar de suas emoções torna o mundo melhor e mais empático. Eles só precisam de um empurrãozinho.

Você acha que nossa sociedade acaba criando jovens com o coração de pedra? Aqui na La Gracia acreditamos que mostrar aos nossos meninos e meninas como falar de suas emoções torna o mundo melhor e mais empático. 

Coração de pedra
Ontem, mais uma vez, estive em sala de aula mostrando como criar ambientes seguros e saudáveis para o diálogo. E, para minha surpresa, me deparei com muitos jovens estagiários, meninos e meninas ainda cheios de vontade de mudança, inconformados com esse mundão duro, diretivo e controlador. Ainda sem um coração de pedra!

Já no começo do dia, falamos muito sobre as atitudes que as pessoas têm ao se comunicar e sobre as consequências dessas ações. As respostas abaixo são uma pequena amostra do que esses jovens estão percebendo.

Entre as atitudes e consequências positivas estão:

  1. Conversa comigo sem me julgar, me ajuda a perceber que nem tudo é minha culpa, me diz que está tudo bem e me ajuda a enxergar outros pontos de vista = Paz, acolhimento e conforto. Me sinto ouvido e importante.
  2. Se vou falar e a pessoa me olha nos olhos, volta seu corpo pra mim e responde de acordo com o que acabei de falar = Acolhimento, cuidado, carinho, amor, dedicação, segurança e proteção. Sinto que é um privilégio ter alguém assim na minha vida.
  3. Me dá liberdade para falar sobre qualquer coisa: sexualidade, religião, política, dificuldades e assuntos polêmicos. Não me atira pedras, continua a conversa sem me julgar pelo meu jeito de pensar. Me ajuda a refletir Respeito, troca, liberdade e acolhimento.
  4. Sonha e comemora junto comigo, fica feliz quando eu conquisto algo e me ajuda quando estou triste = Motivação, me impulsiona a crescer, conexão, proximidade e amor.

Entre as atitudes e consequências negativas temos:

  1. Não deixa eu terminar o que estou falando, fala como se fosse um monólogo. Não reage quando eu falo, não demonstra emoções, fica com cara de paisagem = Desconfiança, frustração, raiva, angústia e solidão. Me afasto porque sinto que desperdiço meu tempo.
  2. Alguém que problematiza “tudo”. Sempre tem uma visão negativa, nada nunca dá pra resolver, sempre termina em “não”. Passa por cima de mim quando tento falar, me corta, não dá continuidade às conversas que não interessam e está sempre certo Irritação, desconforto, cansaço, solidão, frustração, desmotivação. Me sinto passivo, ignorado e diminuído.
  3. Quando você conta algo e a pessoa, além de desmerecer o que você contou na hora, ainda leva o assunto para outras pessoas de forma negativa (fofoca) Tristeza, frustração, desconfiança, raiva, decepção. Fico reativo e me afasto da pessoa, não quero mais falar nada com ela.
  4. Egoísta, nunca está disposto a ajudar, sempre ocupado, no celular ou no computador. Tudo da pessoa é mais interessante ou importante. Quando estou com um problema, já passou por algo pior. Muito técnico, sempre está certo e tem argumentos melhores = Frustração, irritação, desconexão, tristeza, raiva, desmotivação, aborrecimento, cansaço. Me sinto diminuído e incapaz, em dúvida e com medo de agir.

Sempre ao final desse exercício, conversamos e levantamos questionamentos como: onde está nosso foco? E nossas atitudes? Em qual ambiente gostaríamos de viver?

Coração de pedra: conversar sobre emoções ajuda a jovens a serem mais empáticosÉ lindo perceber que, ao fazermos essa reflexão, uma porta gigantesca se abre. Uma porta antes inexistente. Algumas pessoas percebem que sempre olham para o lado negativo e pouco prestam atenção no positivo. Outras se espantam com atitudes próprias que nem imaginavam que poderiam agredir aos outros.

De mãos dadas, conseguimos entender que, na essência, queremos a mesma coisa: amor, valorização e acolhimento, principalmente das pessoas que amamos. E que, ao rotularmos as pessoas por suas atitudes, perdemos uma oportunidade incrível de conhecer outros lados da mesma pessoa. Percebemos que não somos definidos pelas nossas atitudes e que todos podemos melhorar.

A empatia vem naturalmente

O resultado desta reflexão? A empatia acontecendo de forma espontânea! Afinal, quando começamos a olhar o porquê das atitudes e das histórias de dor que existem por trás de um ato egoísta, tudo muda. Por quais dificuldades essa pessoa já passou na vida para agir dessa forma? Quando conhecemos o outro lado, o que acontece com esses sentimentos ruins que tinham se apoderado de nós?

São reflexões tão simples, mas tão profundas! Nessa hora, me dou conta do quanto esses meninos e meninas estão abandonados em seus sentimentos. O quanto de desamparo existe não só nessa geração, mas, principalmente, nas que vieram antes e antes dessas ainda. Vejo o quanto o mundo tem sido hostil com todos nós.

Coração de pedra: por que é tão difícil nos mostrarmos vulneráveis?Nessa aula, eu tenho trazido muito sobre as pesquisas da Brené Brown, sobre a construção de um mundo onde não se pode chorar, não se pode ser vulnerável, no qual ir contra os padrões criados pela sociedade é vergonhoso, perguntar é fraqueza e errar, inadmissível.

 

Falamos sobre como os meninos transformam o medo em raiva e se colocam num grau de perfeccionismo inalcançável. E sobre como as meninas sentem vergonha de não serem magras, bonitas e “caladas”.

 

Certa hora uma garota me disse: – eu não falo o que penso porque, afinal, sou uma estagiária, quem vai querer me ouvir? Na mesma hora, no entanto, ela se indagou – Uau! Eu inventei isso na minha cabeça, mas nem sei se é verdade porque nunca tentei!

Um garoto me disse: – eu percebi que eu sou muito duro e inflexível comigo mesmo e que cobro as pessoas do mesmo jeito. Eu sempre acho que ninguém dá o melhor, mas o melhor que uso como referência é o meu melhor, né? O que é melhor de verdade, o que é ser perfeito? Perfeito existe? Pra quem?

Por fim, uma outra garota me chamou de canto, no meio de um abraço cheio de lágrimas: – hoje eu percebi que, na verdade, minha mãe precisa de ajuda. O que cobro dela é o que melhorei em mim. O que vejo agora ela ainda não consegue ver. Eu só preciso ajudá-la a enxergar de um jeito amoroso aí a gente vai voltar a ficar bem.

Sim, há esperança!

Enquanto escrevo isso, meus olhos se enchem de lágrimas porque é isso, entende? É isso que alimenta o meu trabalho. Quando escuto dos alunos declarações como essas meu coração se enche de amor e de esperança porque consigo ver que todos nós, humanos, só precisamos de um empurrãozinho pra enxergar um mundo melhor. No fundo, todos queremos a mesma coisa. E eis o que me deixa louca: como assim nada disso é falado nas escolas? Como assim a gente deixa nossos meninos e meninas terem seus corações transformados em pedra enquanto crescem? Como continuamos fazendo isso com as pessoas?

Se você acha isso importante e quiser me chamar para promover experiências com os jovens em suas escolas e universidades, eu vou! Vou feliz e sem custo. Vamos dar as mãos pra promover a mudança?

Sou Joyce Baena, humana, cheia de imperfeições, mais vulnerável que nunca, pedindo seu apoio para mudar o mundo. Vamos?

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